Dominar a concordância verbal é essencial para escrever e falar português corretamente. Se você tem dúvidas sobre quando o verbo deve concordar com o sujeito ou se confunde com casos especiais, este guia vai resolver todos os seus problemas de uma vez por todas.
Neste artigo completo, vou explicar de forma simples e direta todas as regras de concordância verbal, desde as mais básicas até os casos que mais geram dúvidas. Você vai aprender com exemplos práticos que facilitam o entendimento e a aplicação no dia a dia.
Prepare seu caderno, porque depois de ler este conteúdo, você nunca mais vai errar a concordância entre verbo e sujeito. Vamos começar entendendo o conceito fundamental que está por trás de tudo isso.
Continue lendo e descubra como fazer o verbo concordar perfeitamente com o sujeito!
O que é concordância verbal
A concordância verbal é a relação harmoniosa entre o verbo e o sujeito da oração. Em termos simples, significa que o verbo precisa "concordar" com quem pratica a ação, ajustando-se em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira).
Imagine a seguinte situação: você diz "Eu corro no parque" ou "Nós corremos no parque". Percebe a diferença? O verbo mudou porque o sujeito mudou. Essa mudança é exatamente o que chamamos de concordância verbal.
Na prática, quando escrevemos ou falamos, precisamos prestar atenção em quem está fazendo a ação para conjugar o verbo corretamente. Parece óbvio em frases simples, mas fica mais complicado quando aparecem sujeitos compostos, expressões partitivas ou casos especiais.
Entender esse conceito é o primeiro passo para escrever textos claros, corretos e que seguem a norma-padrão da língua portuguesa.
Regra básica: sujeito simples e concordância
A regra mais fundamental da concordância verbal é simples: quando o sujeito é simples (tem apenas um núcleo), o verbo concorda com ele em número e pessoa. É o tipo de concordância que usamos naturalmente no dia a dia.
Veja exemplos práticos que ilustram essa regra:
- O professor explica a matéria com clareza.
- Os professores explicam a matéria com clareza.
- A menina brinca no parque todos os dias.
- As meninas brincam no parque todos os dias.
- Eu estudo português há dois anos.
- Nós estudamos português há dois anos.
Repare que o verbo muda conforme o sujeito está no singular ou plural, na primeira, segunda ou terceira pessoa. Essa é a essência da concordância verbal: manter a harmonia entre quem faz a ação e o verbo que representa essa ação.
Embora pareça óbvio, é importante fixar bem essa regra básica, porque ela é a base para entender todos os outros casos de concordância que vamos ver a seguir.
Sujeito composto antes do verbo: sempre plural
Quando temos um sujeito composto (com dois ou mais núcleos) posicionado antes do verbo, a regra é clara e direta: o verbo sempre vai para o plural. Não tem exceção nem variação nesse caso.
O sujeito composto representa mais de uma pessoa ou coisa praticando a ação, por isso faz todo sentido o verbo estar no plural. Veja como funciona na prática:
- Maria e João viajaram para o exterior nas férias.
- O professor e os alunos conversaram sobre o projeto.
- Matemática e português são matérias fundamentais.
- O cachorro e o gato brincavam juntos no quintal.
- Livros, cadernos e canetas estavam sobre a mesa.
Perceba que não importa quantos núcleos o sujeito tenha: se ele está antes do verbo e é composto, o verbo vai obrigatoriamente para o plural. Essa é uma das regras mais fáceis de aplicar na concordância verbal.
Atenção especial merece o fato de que mesmo quando um dos núcleos está no singular, se o sujeito composto vier antes do verbo, a concordância será sempre no plural.
Sujeito composto depois do verbo: duas possibilidades
Aqui a situação muda e você ganha flexibilidade na concordância verbal. Quando o sujeito composto aparece depois do verbo, você pode escolher entre duas formas corretas de concordância.
A primeira opção é fazer o verbo concordar apenas com o núcleo mais próximo, mantendo-o no singular. A segunda é fazer o verbo concordar com todos os núcleos, colocando-o no plural. Ambas as formas são aceitas pela norma-padrão.
Veja exemplos das duas possibilidades:
- Chegou o diretor e os professores. (concorda com "diretor")
- Chegaram o diretor e os professores. (concorda com todos)
- Faltava João e Maria na reunião. (concorda com "João")
- Faltavam João e Maria na reunião. (concorda com ambos)
- Caiu a árvore e o muro com o vento. (concorda com "árvore")
- Caíram a árvore e o muro com o vento. (concorda com ambos)
Embora as duas formas sejam corretas, a concordância no plural é considerada mais elegante e é preferida em textos formais e na linguagem culta. Portanto, se você quer caprichar na escrita, opte sempre pelo plural quando o sujeito composto vier depois do verbo.
Expressões partitivas e concordância verbal
As expressões partitivas costumam gerar muitas dúvidas na hora de fazer a concordância. Estamos falando de expressões como "a maioria de", "a metade de", "grande parte de", "um grupo de", entre outras similares.
Com essas expressões, você tem duas opções igualmente corretas: pode fazer o verbo concordar com a expressão partitiva (geralmente no singular) ou com o complemento que vem depois (geralmente no plural).
Veja exemplos práticos que mostram as duas possibilidades:
- A maioria dos alunos compareceu à aula. (concorda com "maioria")
- A maioria dos alunos compareceram à aula. (concorda com "alunos")
- Grande parte das pessoas votou na pesquisa. (concorda com "parte")
- Grande parte das pessoas votaram na pesquisa. (concorda com "pessoas")
- Um grupo de manifestantes protestou ontem. (concorda com "grupo")
- Um grupo de manifestantes protestaram ontem. (concorda com "manifestantes")
Na prática, a escolha entre uma forma e outra muitas vezes depende do que você quer enfatizar: a coletividade (singular) ou os indivíduos que compõem o grupo (plural). Ambas estão corretas segundo a norma-padrão da língua portuguesa.
Verbos impessoais: haver e fazer que não variam
Esta é uma das regras mais cobradas em provas e que mais gera erros no dia a dia. Os verbos haver (no sentido de existir, acontecer, ocorrer) e fazer (indicando tempo decorrido) são impessoais, ou seja, não têm sujeito e permanecem sempre no singular.
O erro mais comum é colocar esses verbos no plural, mas isso está errado! Veja a forma correta e a incorreta:
- Havia muitas pessoas na festa ontem. ❌
Haviam - Há vários problemas para resolver aqui. ❌
Hão - Houve acidentes na rodovia hoje. ❌
Houveram - Haverá mudanças no projeto em breve. ❌
Haverão - Faz dois anos que não viajo. ❌
Fazem - Fazia semanas que não chovia assim. ❌
Faziam - Fará meses que ele partiu. ❌
Farão
Atenção redobrada quando o verbo "haver" aparece como auxiliar em locuções verbais. Nesse caso, ele também não varia:
- Deve haver soluções melhores para isso. ❌
Devem haver - Pode haver problemas no projeto. ❌
Podem haver - Vai haver mudanças importantes. ❌
Vão haver
Grave bem essa regra, porque ela é fundamental para não cometer erros graves de concordância verbal em textos formais e situações profissionais.
Concordância verbal com porcentagens
Quando o sujeito da frase envolve porcentagens, a concordância segue uma lógica específica que é importante conhecer. A regra geral é: porcentagem de 1% pede verbo no singular, enquanto 2% ou mais pedem verbo no plural.
Veja exemplos claros de como aplicar essa regra:
- 1% dos alunos faltou à prova de matemática.
- 50% dos brasileiros apoiaram a proposta do governo.
- 25% da turma passou de ano com média alta.
- 30% dos eleitores votaram no candidato favorito.
- 75% das pessoas concordaram com a mudança.
Existe uma exceção importante: quando há um determinante (como "os", "esses", "aqueles") antes da porcentagem, o verbo concorda com esse determinante.
- Os 30% da turma aprovaram a proposta.
- Esses 50% dos funcionários trabalham em regime integral.
- Aqueles 20% dos investidores desistiram do negócio.
Essa regra de concordância verbal com porcentagens é simples de aplicar quando você conhece a lógica por trás dela. Basta prestar atenção se a porcentagem é 1% (singular) ou maior (plural).
Casos especiais de concordância verbal
Além das regras principais que já vimos, existem alguns casos especiais de concordância verbal que merecem atenção. Vou explicar os mais importantes para você dominar completamente o assunto.
Mais de um
Com a expressão "mais de um", o verbo fica no singular. Porém, se for "mais de dois", "mais de três" etc., o verbo vai para o plural.
- Mais de um aluno faltou hoje.
- Mais de dois alunos faltaram hoje.
- Mais de uma pessoa reclamou do atendimento.
Um dos que
Com a expressão "um dos que", há duas possibilidades, mas a concordância no plural é preferível:
- Ela é uma das que trabalham muito. (preferível)
- Ela é uma das que trabalha muito. (aceito)
- João é um dos que estudam todos os dias. (melhor opção)
Pronome relativo que
Quando o pronome relativo "que" aparece, o verbo concorda com o antecedente do pronome:
- Fui eu que fiz o trabalho. (concorda com "eu")
- Fomos nós que fizemos o projeto. (concorda com "nós")
- Foi ela que trouxe as notícias. (concorda com "ela")
Erros comuns de concordância verbal para evitar
Conhecer os erros mais frequentes de concordância verbal ajuda você a não cometê-los. Vou listar os equívocos mais comuns que vejo no dia a dia e como corrigi-los.
Erro 1: Pluralizar o verbo haver no sentido de existir
- ❌
Haviammuitas pessoas na reunião. - ✓ Havia muitas pessoas na reunião.
Erro 2: Pluralizar o verbo fazer indicando tempo
- ❌
Fazemtrês anos que não nos vemos. - ✓ Faz três anos que não nos vemos.
Erro 3: Errar na locução verbal com haver
- ❌
Devem haversoluções melhores. - ✓ Deve haver soluções melhores.
Erro 4: Não concordar com sujeito composto antes do verbo
- ❌ Maria e João
foiao cinema. - ✓ Maria e João foram ao cinema.
Erro 5: Confundir concordância com expressões partitivas
- ❌ A maioria dos aluno
faltou. (erro no substantivo também) - ✓ A maioria dos alunos faltou ou faltaram.
Evitando esses erros comuns, você já vai melhorar significativamente sua escrita e demonstrar domínio da concordância verbal em qualquer situação.
Dicas práticas para não errar na concordância verbal
Depois de conhecer todas as regras, vou compartilhar algumas dicas práticas que uso há anos e que facilitam muito na hora de aplicar a concordância verbal corretamente.
Dica 1: Identifique o sujeito antes de conjugar o verbo
Sempre se pergunte: quem está praticando a ação? Encontrar o sujeito é metade do caminho para acertar a concordância. Destaque mentalmente ou sublinha o sujeito quando estiver revisando um texto.
Dica 2: Memorize a regra dos verbos impessoais
Grave de uma vez: "haver" no sentido de existir e "fazer" indicando tempo NUNCA vão para o plural. Essa é uma das regras mais cobradas em provas e concursos.
Dica 3: Na dúvida com sujeito composto posposto, use o plural
Embora as duas formas sejam corretas, o plural é mais elegante e mais aceito em textos formais. Quando bater a dúvida, opte pelo plural.
Dica 4: Releia seus textos em voz alta
Muitos erros de concordância são percebidos quando lemos o texto em voz alta. Nosso ouvido identifica algo que "soa estranho" e nos ajuda a corrigir.
Dica 5: Pratique com exercícios regularmente
A prática leva à perfeição. Quanto mais você exercita a concordância verbal, mais natural ela se torna na sua escrita e fala.
Domine a concordância verbal de uma vez por todas
Chegamos ao final deste guia completo sobre concordância verbal. Você aprendeu desde as regras mais básicas até os casos especiais que costumam gerar dúvidas até mesmo em quem já domina bem o português.
Lembre-se que a concordância entre verbo e sujeito é fundamental para uma comunicação clara e correta. Aplicar essas regras no seu dia a dia vai melhorar significativamente a qualidade dos seus textos, sejam eles escolares, profissionais ou pessoais.
O segredo está na prática constante. Revise as regras sempre que tiver dúvidas, faça exercícios regularmente e preste atenção na concordância quando estiver lendo textos de qualidade. Com o tempo, aplicar essas regras vai se tornar automático.
Salve este artigo nos favoritos e consulte sempre que precisar! E não esqueça de praticar os exemplos para fixar o conteúdo.
FAQ - Perguntas frequentes sobre concordância verbal
O que é concordância verbal?
Concordância verbal é a relação harmoniosa entre o verbo e o sujeito da oração, onde o verbo deve concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). É fundamental para a correção gramatical na língua portuguesa.
Por que o verbo haver não vai para o plural?
O verbo haver no sentido de existir é impessoal, ou seja, não tem sujeito. Por isso, permanece sempre no singular, independentemente do termo que venha depois dele. Exemplos: "Havia pessoas" e não "Haviam pessoas".
Como fazer concordância com sujeito composto?
Quando o sujeito composto vem antes do verbo, este vai obrigatoriamente para o plural. Quando vem depois do verbo, pode concordar no singular (com o núcleo mais próximo) ou no plural (com todos), sendo o plural a forma preferível.
Qual a regra de concordância com porcentagens?
Com 1%, o verbo fica no singular. Com 2% ou mais, o verbo vai para o plural. Exemplo: "1% faltou" e "50% faltaram". Quando há determinante antes da porcentagem, o verbo concorda com ele.
Como concordar com expressões partitivas?
Com expressões como "a maioria de", "grande parte de", o verbo pode concordar tanto com a expressão (singular) quanto com o complemento (geralmente plural). Ambas as formas são corretas: "A maioria faltou" ou "A maioria faltaram".
O verbo fazer indicando tempo varia?
Não. O verbo fazer indicando tempo decorrido é impessoal e permanece sempre no singular. Exemplos corretos: "Faz dois anos" (e não "Fazem dois anos"), "Fazia meses" (e não "Faziam meses").
