Correção da Avaliação sobre Crônicas - Respostas do 2.ª Nota do 2.º Bimestre - 6.º Ano - Aula 37

Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Luiz Joaquim dos Santos
Professora: Luciene
Componente Curricular: Língua Portuguesa
Série: 9.º Ano         Turma: A          Turno: Manhã
Conteúdo: CORREÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM (AVALIAÇÃO) – 2.ª NOTA DO 2.º BIM. – Oficina Textual de Crônicas para as Olimpíadas de Língua Portuguesa (2)
Semana 19 – Aula 37 – DIA: 16 / 07 / 2021 – Sexta-feira

CORREÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM (AVALIAÇÃO) – 2.ª NOTA DO 2.º BIM. – Oficina Textual de Crônicas para as Olimpíadas de Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM DA APRENDIZAGEM

- Leia esta Crônica, e depois responda às questões:

O Homem Nu

            Ao acordar, disse para a mulher:
            — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
            — Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
            — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
            Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
            Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
            — Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
            Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
            Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
            Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
            — Maria, por favor! Sou eu!
            Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
            Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
            — Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
            E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
            — Isso é que não — repetiu, furioso.
            Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
            — Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
            Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
            — Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
            A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
            — Valha-me Deus! O padeiro está nu!
            E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
            — Tem um homem pelado aqui na porta!
            Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
            — É um tarado!
            — Olha, que horror!
            — Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
            Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
            — Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
            Não era: era o cobrador da televisão.

(FERNANDO SABINO. In: Para Gostar de Ler. Vol. 3 – Crônicas. Editora Ática, São Paulo, 1996.

QUESTÃO 1 – A narrativa desta crônica está em que pessoa verbal: 1.ª ou 3.ª pessoa?
[OBSERVAÇÃO:
- Narrador Personagem – aquele que participa e narra (conta) a história (1.ª pessoa “EU”).
- Narrador Observador – aquele que não participa e apenas narra (conta) a história (3.ª pessoa “ELE ou ELA”).]

A narrativa está em 3.º pessoa (Narrador Observador).

QUESTÃO 2 – Qual é o nome do homem nu?
O nome do homem nu não consta na Crônica.

QUESTÃO 3 – Por que o casal não poderia abrir a porta do apartamento?
O casal não poderia abrir a porta porque chegara o dia de pagar a prestação da televisão, o homem não tinha dinheiro para pagar e combinou com a esposa que não responderiam nem abririam a porta para que o cobrador pensasse que não havia ninguém em casa e este fosse embora.

QUESTÃO 4 – O homem saiu do apartamento com qual objetivo e como ele estava?
O homem saiu do apartamento para pegar o embrulho do pão e ele estava nu porque ia tomar banho, mas sua esposa já estava no banheiro, por isso, decidiu sair assim mesmo como estava.

QUESTÃO 5 – O que aconteceu quando o homem nu saiu para pegar o embrulho de pão?
Quando o homem nu saiu para pegar o embrulho do pão, a porta fechou-se com o vento.

QUESTÃO 6 – Apesar do homem bater e chamar por sua mulher, ela não veio abrir a porta. Por quê?
Ele bateu na porta e chamou a sua esposa, mas ela não saiu porque eles haviam combinado permanecer em silêncio quando o cobrador chamasse, e ela acreditava que fosse o cobrador da televisão.

QUESTÃO 7 – Por vezes, a narrativa é pontuada por perguntas como: “E agora? Iria subir ou descer?”. O que essas perguntas retratam na narrativa?
Essas perguntas na narrativa retratam os pensamentos, as dúvidas do homem nu.

QUESTÃO 8 – Por que a velha disse: “O padeiro está nu!”?
A velha falou isso porque o homem, que estava nu, estava com um embrulho de pão nas mãos e a velha entendeu que seria o padeiro entregando o pão na casa dos seus clientes.

QUESTÃO 9 – Qual o ponto máximo de tensão da narrativa?
O ponto máximo de tensão da narrativa é quando o homem nu está do lado de fora do seu apartamento e vários moradores o veem sem roupa.

QUESTÃO 10 – Dividindo-se a narrativa em três partes, descreva com uma frase:
A) a situação inicial Um homem não tem dinheiro para pagar o cobrador da televisão, então combinou com sua esposa de ficarem em silêncio fingindo não ter ninguém em casa.

B) o conflitoO homem tira a roupa para ir tomar banho, mas sua esposa entra no banheiro, e ele decide ir pegar o pão nu, mas a porta se fecha e ele não consegue voltar para seu apartamento.

C) a resolução final Finalmente, a mulher abre a porta depois de muita insistência do marido que está nu e ele consegue entrar. Pouco tempo alguém bate à porta, o homem atende pensando que seria a polícia e era o cobrador da televisão.


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