Respostas do Exercício sobre Compreensão Textual - 9.º Ano - Aula 14 - Dia 23/04/21

Respostas do Exercício sobre Compreensão Textual - 9.º Ano

Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Luiz Joaquim dos Santos
Professora: Luciene Castor Dantas Quintão
Componente Curricular: Língua Portuguesa
Ano: 9.º        Turma: 
A          Turno: Manhã
Semana 07 – Aula 14 – DIA: 23 / 04 / 2021
Conteúdo: 
Respostas do Exercício sobre Compreensão Textual

DESCRITOR: D1 Localizar informações explícitas em um texto


EXERCÍCIOS SOBRE COMPREENSÃO TEXTUAL - Entrega até o dia 18 / 04 / 2021

- Leia o texto abaixo e depois responde o que se pede:

Uma galinha

        Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.
        Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio.
        Foi, pois, uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro voo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.
        Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.
        Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se pode­ria contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
        Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, pare­cia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
        — Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
        Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
        — Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!
        — Eu também! Jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.
        Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a obriguei a correr naquele estado! ” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
        Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.
        Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.
        Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983, pág. 33- 36.

RESPONDA:

1.º) Quem é a personagem principal da história?
RESP.: A personagem principal da história é uma galinha.

2.º) Que outras personagens aparecem na história?
RESP.: A galinha, a menina, o pai e a mãe.

3.º) Quem é o narrador? Ele é também personagem? Como você chegou a essa conclusão?
RESP.: O narrador não participa da história, é um narrador omnisciente, pois esse tipo de narrador sabe de todos os detalhes dos personagens, além das características físicas, pois abrange também os pensamentos e sentimentos.

“Parecia calma” (segundo parágrafo);
“Foi, pois, uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo” (terceiro parágrafo).


4.º) ”Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto voo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço.” Qual a causa da surpresa?
RESP.: A causa da surpresa é porque uma galinha pode até voar, mas geralmente não voa longas distâncias ou simplesmente grandes alturas. A ave, que sempre fora calma não costumava demonstrar emoções, se vê em uma fuga desesperada por sobrevivência.

5.º) Qual trecho do texto revela o significado de galinha de domingo?
RESP.: A expressão "era uma galinha de domingo" é de um texto de Clarice Lispector, onde uma galinha seria morta na manhã de segunda-feira.

6.º) A galinha era especial para a família? Justifique.
RESP.: Porque ao ser capturada, a galinha coloca um ovo e isto faz com que a família desista de matá-la para o almoço. Em respeito à maternidade, a tratam como um membro da família, até certo dia esquecerem-se do fato ocorrido e seguirem com suas vidas na antiga normalidade.

7.º) Qual a dupla necessidade do dono da casa?
RESP.: A dupla necessidade do dono da casa era de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar.

8.º) Que fim você daria para a história? – RESPOSTA PESSOAL – SUGESTÃO
RESP.: Eu daria um fim diferente não matando a galinha e criando-a como animal de estimação.
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1 Comentários
  • Anônimo
    Anônimo 01 dezembro, 2023

    Muito obrigado pela ajuda, me ajudou muito mesmo..

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