Interpretação de Texto: A festa do Folclore - 9.º ano - Aula 49

Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio Luiz Joaquim dos Santos
Professora: Luciene Castor Dantas Quintão
Componente Curricular: Língua Portuguesa
Série: 9.º Ano
Turma: A 
Turno: Manhã
Conteúdo: Interpretação de Texto: A festa do Folclore (Maria Hilda de Jesus Alão)
Semana 25 – Aula 49 – DIA: 23 / 08 / 2021 – Segunda-feira

Interpretação de Texto: A festa do Folclore - 9.º ano



Interpretação de Texto:

A festa do Folclore


            No mundo das lendas e dos mitos do Brasil havia um grande alvoroço. Estava chegando o dia de festejar o Folclore brasileiro. A preparação estava acelerada. A Mula–sem–cabeça, agitada, preparava as bandeirinhas coloridas, o Saci–Pererê, que havia prometido ajudar, fazia suas peraltices trançando as crinas dos cavalos das fazendas, o que deixava os fazendeiros furiosos. Quando se lembrou da promessa, correu para ajudar a Mula a enfeitar o terreiro. Com seu cachimbo vermelho, soltando grandes baforadas, ele dizia:
            – Cumade Mula–sem–cabeça, eu num sei si vai chegá muita gente pra essa cumemoraçãu. Hoji tá tudo tão isquisito! – A Mula–sem–cabeça, cortando as bandeirinhas, perguntou:
            – Pur causa di quê, cumpadi?
            – Minina, tu num sabi não? U pessoar dessi país anda inventandu umas festanças qui eu num sabia qui inxistia. Um tar de Dia das Bruxas. Ocê cunhece, aqui nu Brasir, essa tar de Bruxa?
            – Nunca ouvi falá di tar sinhora. – respondeu a Mula–sem–cabeça.
            Foi neste momento que chegou o Boitatá com seus grandes olhos de fogo e ouviu boa parte da conversa.
            – Mi disse u meu amigu lubisome, qui é dama da terra dus gringus. Eli tamem num sabi pruque insinam as crianças a festejá um custume qui nãu é du povu brasilero.
            Estavam nesta conversa animada quando chegou o Curupira. Como ele é o protetor das matas e da caça, trazia a carne para o churrasco que não deve faltar em qualquer festa. Chegou o Lobisomem avisando que antes do sol nascer ele teria de voltar para casa. Uns minutos depois, tocou uma corneta no meio do rio: era a Mãe d’água, a Uiara, que vinha numa canoa enfeitada com muitas flores brancas para participar da festa. O Negrinho do Pastoreio veio lá do Rio Grande do Sul montado num cavalo baio.
            E prepararam tudo para a festa do Folclore no dia 22 de agosto. O terreiro estava lindo. O trabalho dos personagens folclóricos ficou perfeito. Faltava a luz para iluminar tudo, pois chegariam muitas crianças. A Mãe d’água deu a ordem:
            – Dona Mula–sem–cabeça, acenda as tochas com o seu fogo!
            – Sim, rainha das águas. – Ela obedeceu. O terreiro ficou claro como o dia. E começou a chegar a meninada. As crianças foram sentando e, curiosas, perguntavam, umas às outras, como seria o saci, o boitatá, o lobisomem. Elas nunca viram nenhum deles. Os acompanhantes das crianças organizam filas, dividiam–nas por idade e tamanho antes de abrir a cortina do palco. Todo mundo sentado, abriu–se a cortina e o Saci apareceu. As crianças bateram palmas e diziam:
            – Ele é igualzinho como nos livrinhos de histórias.
            – Vejam, o gorro vermelho e o cachimbo. É tudo igualzinho.
            O Saci se curvou para agradecer e disse em voz alta:
            – Mininada, vai cumeçá a festa du folclore! Pra iniciá, vem aí a Mãe d’água! – e estendeu o braço apontando para a Uiara, com seu vestido branco e azul, bordado com estrelas brilhantes. Ela cantou, lindamente, a canção de amor que enfeitiça os pescadores, levando–os para o fundo das águas onde ela mora. Depois foi a vez do Boitatá, grande cobra de fogo. Ele é o gênio protetor dos campos e carrega consigo o orgulho de ter sido citado pelo padre José de Anchieta, como personagem de mito indígena. Foi aplaudidíssimo.
            O Curupira, com seus pés para trás, sentou no chão do palco e narrou as suas aventuras em defesa das matas e dos animais.
            – Muito bem! Gritavam as crianças. O mesmo fez o Lobisomem com relação a sua história. Era o oitavo filho de mãe que teve sete filhas, por isso ele virava lobisomem nas noites de lua cheia. As crianças ficaram com peninha dele.
            – Coitadinho! Murmuravam. Depois foi a vez do Negrinho do Pastoreio. A história dele é muito bonita, pois Nossa Senhora o salvou dos maus tratos que ele sofria na fazenda. Os olhos da garotada ficaram cheios de lágrimas de tanta emoção.
            – Ainda bem que Nossa Senhora cuida das criancinhas! – disse uma delas enxugando os olhos com a manga da blusa.
            Conhecida a lenda de todos, imediatamente, o Saci anunciou a segunda parte da festa. Era o momento das cantigas e das danças. E como foi bonito ver as crianças, vestidas com roupas alusivas à data, cantando e dançando, mostrando a riqueza do folclore do Brasil.

Maria Hilda de Jesus Alão, Recanto das Letras, em 20/06/2006, Reeditado em 21/04/2011.

EXERCÍCIOS INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

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